25 de setembro de 2016
TOSTÕES E MILHÕES. Concordo com a generalidade das críticas que são feitas ao juiz Carlos Alexandre, mas numa coisa parece-me certo: há sempre uns milhões (expressão dele) para salvar bancos na falência, mas não há uns tostões (novamente expressão dele) para resolver a «gritante falta de meios» no sector da justiça, sobretudo na investigação. Inquirido se a desproporção entre tostões e milhões tem por finalidade fragilizar a capacidade de investigação, o juiz chutou para canto, atribuindo a endémica falta de meios à não menos endémica escassez de recursos. Mas eu chuto à baliza: convém a quem tem poder que a justiça funcione mal. Graças aos meios de que dispõem para se defender (bons advogados, dinheiro), assim têm muitíssimo mais probabilidades de escapar aos crimes de que possam ser acusados, e os exemplos conhecidos são mais que muitos. Haverá, certamente, excepções. Mas de momento não me ocorre nenhuma.