23 de agosto de 2018
A PORCARIA FEDE QUE TRESANDA. Depois de meses a dizer que fazia questão de falar cara a cara com o procurador que investiga um eventual conluio entre a sua campanha presidencial e a administração russa, alegando nada ter a esconder e pretender pôr tudo em pratos limpos, eis que Trump vem agora dizer que talvez não seja boa ideia, pois arrisca-se a cometer perjúrio. Ora, como pode alguém meter os pés pelas mãos diante o procurador se nada fez de errado? Se quem não deve não teme, o recuo de Trump só pode significar que o sujeito deve, e teme. Como não bastasse, o advogado que até há pouco lhe consertava as avarias acaba de o incriminar, alegando que Trump comprou, por seu intermédio, o silêncio de duas mulheres que lhe terão feito uns biscates, e o ex-director de campanha vai passar o resto da vida na cadeia por obra e graça de umas falcatruas e do mais que a seu tempo veremos. Ainda pior: os sujeitos demonstram que Trump se rodeou de patifes (estou a ser benévolo), contrariando a promessa de que, uma vez Presidente, iria escolher os melhores. Temos, portanto, que o pântano instalado em Washington — de que Trump tanto falou e, uma vez Presidente, jurou drenar — atingiu um nível tal que acabará, mais tarde ou mais cedo, por engolir quem se propôs acabar com ele.