4 de abril de 2019
PIOR SERIA DIFÍCIL. Assisti, com alguma perplexidade, ao Prós e Contras em que se debateu a eventual entrada das terapias alternativas no Serviço Nacional de Saúde, a que os médicos se opõem e os «alternativos» defendem. Um debate que se pretendia esclarecedor descambou, rapidamente, para o confronto, e cedo se percebeu de que lado estava a maioria dos presentes na plateia: do lado das terapias alternativas, vá lá saber-se porquê. Não fosse a moderadora, os médicos que se apresentaram para debater teriam saído dali apupados e humilhados. Por dizerem o óbvio que se esperava que dissessem: que não se pode pôr em pé de igualdade o que tem evidência científica com o que não tem evidência científica. Quase vinha abaixo a sala quando um médico começou por recordar isto. Quando se esperaria que os «alternativos» fossem confrontados com práticas duvidosas e aldrabices comprovadas, bem como com argumentos que merecem ser ouvidos, eis que acontece precisamente o contrário. Enalteceram, para gáudio da plateia, as proezas que juraram ter cometido, gabando-se da eficácia que os «tradicionais» não terão. Não fosse a suspeita de que os «alternativos» tomaram conta do espaço do debate, dir-se-ia que está tudo doido. Temo, porém, que o debate tenha contribuído para aumentar a confusão e a ignorância sobre as terapias ditas alternativas, ou complementares. Quem desesperadamente precisa de cuidados de saúde e ali viu uma oportunidade para se esclarecer, provavelmente saiu ainda pior do que entrou. Ironicamente, graças à televisão pública, a quem compete prestar este tipo de serviços e não soube – ou não quis – fazer o que devia. O que se viu foi tempo de antena gratuito em horário nobre para uma das partes, precisamente a parte a quem competia esclarecer todas as dúvidas que pairam sobre ela.