1 de maio de 2019
BOAS NOTÍCIAS. Conhecido grande parte do relatório Muller, demonstrou-se, desde já, que a generalidade dos media fez o que lhe competia. Não há, até ver, um único episódio no relatório que não tenha sido prévia e certeiramente noticiado, excepto pelos media do costume. Mas se isto não surpreende, é bom que a sociedade tenha motivos para que possa confiar na generalidade dos media, tão enxovalhados têm sido nos últimos tempos. As «fake news» e os «inimigos do povo americano», como Trump designa tudo o que seja notícia que lhe desagrada e todos os meios que considera hostis, não passam, afinal, de tentativas malsucedidas de Trump calar vozes incómodas, como os episódios do CEO da Amazon e do tablóide National Enquirer bem o demonstram. Não é preciso ir muito longe para ver que o dono da Amazon é o mesmo do Washington Post, jornal que, fazendo o que se espera que faça, não lhe tem feito a vida fácil — e quanto ao Enquirer, que deu à estampa um affair de Bezos com o objectivo de o prejudicar, demonstrou-se que Trump tinha o hábito de comprar o silêncio do pasquim sempre que este desencantava uma história que não lhe convinha, e não custa a crer que fez publicar histórias que lhe convinham usando idêntico expediente. O pior é que o relatório do procurador-especial pouco mudará na sua base eleitoral, avessa aos media e entusiasta de propaganda. Começa-me até a parecer que são bem capazes de defender Trump mesmo que o sujeito fique impune por matar alguém em plena Quinta Avenida, como sugeriu, a brincar, na campanha eleitoral, mas o ex-advogado Michael Cohen já avisou que deve ser tomado a sério.