20 de junho de 2019

DESTINO MARCADO. Fiz parte de um júri que decidiu a inocência de um jovem acusado de ter agredido um agente da autoridade. Como não havia provas materiais do que estava acusado, a decisão foi remetida para um júri, que decidiu com base em factos circunstanciais. Havia, realmente, alguns factos circunstanciais considerados credíveis, mas como a dúvida persistia, o júri decidiu, por unanimidade (a decisão tinha que ser por unanimidade), pela não-culpabilidade. Reparem que a terminologia usada não previa a inocência — o arguido era culpado ou não-culpado. Acompanhei, também, neste caso por motivos profissionais, o caso do futebolista americano O. J. Simpson, acusado de matar a esposa, que foi considerado não-culpado graças a uma equipa de advogados que conseguiu pôr em causa tudo o que era evidência, incluindo um teste de ADN, até então uma prova inquestionável. Apesar de mais de cem evidências encaixarem umas nas outras como um puzzle, o júri não conseguiu considerá-lo culpado do que parecia evidente, e o tipo acabou inocentado. Tudo isto para dizer que o Presidente Trump não é, até ver, culpado do que é suspeito, apesar das inúmeras provas materiais e circunstanciais indicarem ter cometido crimes de vária espécie que a seu tempo se hão-de provar. Repito: provas materiais, não apenas circunstanciais. São tantos os esqueletos no armário e fora dele que o Presidente americano acabará, mais tarde ou mais cedo, na cadeia. Sim, acredito na justiça americana, apesar de não ter grande margem de manobra enquanto Trump estiver no poder (é a política, e não a justiça, quem decide). Mas seja durante ou depois, Trump será confrontado com os seus crimes, e pagará em conformidade. Como já estão a pagar dois colaboradores próximos e um terceiro em vias disso.