16 de julho de 2019

BONIFÁCIO E AS GENERALIZAÇÕES. O que mais me impressionou no texto de Fátima Bonifácio foi ela ter dito o que disse sem fundamentar. Porque eu tinha respeito por ela, custa-me a crer que uma reputada académica não tenha melhores argumentos que o «olhómetro» e o «achómetro», traves-mestras do «pensamento» da historiadora sobre racismo e afins. O que disse Fátima Bonifácio poderia ser dito por um iletrado, e isso é que me chocou. Também não me convenceu quem veio em sua defesa, ora dizendo que ela não disse o que disse, ora dizendo que ela foi mal interpretada, ora dizendo que é uma péssima ideia impedir a liberdade de expressão (inteiramente de acordo neste ponto). O que ela disse, a propósito das quotas raciais nas universidades, e com que estou basicamente de acordo, foi claro e claramente estúpido, que só pode resultar de preconceito, ignorância, ou das duas coisas. E nenhuma delas é aceitável, ainda menos vindo de uma «intelectual consagrada», como lhe chamou o director do Público, que disse ter sido um erro publicar-lhe a prosa e eu discordo. Ainda bem que o texto foi publicado, mesmo que involuntariamente. Como demonstram inúmeros exemplos passados, calar quem pensa de forma que julgamos aberrante tem o efeito contrário do que pretende. A esquerda é, neste aspecto, igual ou pior que a direita? Honestamente, não sei. O que me parece é que um erro não se justifica com outro.