15 de setembro de 2020
OU O PODER, OU A CADEIA. Donald Trump sabe melhor que ninguém que se perder em Novembro pode acabar na cadeia. Resta-lhe, por isso, apostar num cenário catastrófico: ou ele, ou o apocalipse. Muito pior: interessa-lhe criar o caos para depois aparecer como o presidente da «lei e da ordem», o último slogan da sua campanha. Os manifestantes contra o racismo e a violência policial são radicais perigosos. Os seus apoiantes que os combatem, com armas de guerra e matando, são patriotas. É isto o que o sujeito diz e repete. Em vez de reconciliar os desavindos, como faria qualquer presidente, faz os possíveis para os manter desavindos. Porque suspeita, a meu ver com razão, que o caos o beneficiará em Novembro, apesar de toda a violência de que se queixa ocorrer durante o seu mandato como Presidente — logo ele ser o primeiro responsável. Escrevi ainda antes de Trump ser eleito que o sujeito era perigoso. Mas hoje, quatro anos volvidos, demonstrou-se que é mais perigoso do que eu pensava. Como sabe que os sarilhos em que entretanto se meteu podem ter um desfecho cruel caso não seja reeleito, não hesitará em fazer o que for preciso para salvar a pele. E o que for preciso, para ele, inclui o pior que possam imaginar.