2 de setembro de 2020
CALIXTOS HÁ MUITOS. A morte de 18 idosos no lar de Reguengos de Monsaraz em circunstâncias não inteiramente esclarecidas colocou, a reboque do caso, de novo na ribalta o poder local. Os jornalistas que lá foram investigar a ocorrência descobriram que José Calixto, presidente da autarquia local, ocupa pelo menos 13 cargos, incluindo o de presidente da fundação do lar onde a tragédia ocorreu, e o assunto voltou a ser questionado. Calixto, uma espécie de senhor feudal lá do sítio, ocupa todos estes cargos graças ao partido a que pertence, o PS, e os que não ocupa são ocupados por companheiros do mesmo partido. Como é sabido, as autarquias locais estão cheias de calixtos. Do PS e do PSD, mas também do PC e, talvez, do CDS. Como raramente são escrutinados (a imprensa regional vive refém das receitas das autarquias e a imprensa nacional não presta atenção às regiões), grande parte das autarquias funciona em roda livre, sem qualquer escrutínio, e quem abrir a boca contra o poder instalado arrisca perder o emprego, próprio ou de um familiar, e o jornal local o mais certo é fechar. Gostaria de pensar que este cenário só se aplica a um caso ou outro, mas sabemos que não é assim. Não creio, já agora, que a regionalização, de que se recomeçou a falar, resolveria o problema. Antes pelo contrário. Agravá-lo-ia, e muito.