1 de setembro de 2021
TRAFICANTES DE LETRAS. Dada a escassa dimensão do país, o «mundo literário» português é um lugar acanhado. Toda a gente conhece toda a gente, pelo que sempre que falam mal uns dos outros em público, é só elogios. Quando um crítico (ou escritor, quase sempre as duas coisas) não aprecia um livro de um autor português contemporâneo, cai o Carmo e a Trindade. Não será por acaso que os críticos só dão três ou menos estrelas a autores estrangeiros, quase sempre falecidos, que esses não estão cá para os incomodar. Se o autor é português, raramente dão menos de quatro estrelas. (António Araújo e João Pedro George são casos à parte, e haverá mais um ou dois que não conheço.) Temos, portanto, a fiarmo-nos neste «critério», excelentes escritores portugueses no activo, que tirando dois ou três não conheço. Imagino que não será fácil mudar esta prática. Não impede, contudo, que se denuncie.