19 de agosto de 2021

UM HOMEM PERIGOSO. Setenta por cento dos brasileiros consideram que o governo de Jair Bolsonaro é corrupto. Depois de anos a fio a viver à custa do Orçamento (foi deputado federal durante quase três décadas), foi eleito Presidente do Brasil precisamente por ter prometido meter os corruptos na cadeia. Não deixaram dúvidas os votos que o puseram em Brasília: mais de 55,13% dos eleitores acreditaram que ele era o homem certo para pôr fim à roubalheira, apesar de noutras matérias nunca esconder ao que ia. Elogiou, por exemplo, a ditadura militar (devia, segundo ele, ter matado mais 30 mil brasileiros), e afirmou, entre outras barbaridades, preferir «um filho morto num acidente de viação a um filho gay» — mas nada disso o impediu de ser eleito. Agora prepara-se para fazer o que o ex-presidente Trump tentou sem sucesso: se não for reeleito no ano que vem, será porque houve fraude. Como, aliás, como tem dito e repetido, já houve fraude em 2018, que o impediu de ganhar logo à primeira volta — embora, como Trump em 2020, não tenha qualquer prova disso. Dizer que Bolsonaro é um sujeito perigoso, demasiado perigoso, é uma redundância. A dúvida é se as instituições brasileiras estão à altura do desafio.