16 de dezembro de 2021
GUARDEM OS FOGUETES. Tirando Rui Rio, que nunca perdeu uma oportunidade para dar um tiro no pé, toda a gente deitou foguetes com a prisão de João Rendeiro, mas eu não estou seguro que a história acabe bem. É bom não esquecer que a justiça que agora o prendeu foi a mesma que o deixou fugir, e deixou-o fugir por cometer um erro tão básico que custa a crer que tenha sido inocente. Muita água irá correr até que o ex-banqueiro seja extraditado e posto numa prisão portuguesa, se é que chegará a ser extraditado e cumprirá em Portugal as penas a que foi condenado. Como se demonstrou incontáveis vezes, a justiça portuguesa é excelente a julgar pilha-galinhas, mas em se tratando de alguém que tem poder, a coisa arrasta-se anos a fio e às vezes dá em nada. Como é óbvio, o mal de que padece a justiça não se melhora de um dia para o outro, mesmo que haja vontade de todas as partes — e sabemos que não há. Até lá, o dinheiro continuará a fluir para os melhores advogados, que abrirão — ou fecharão — as portas que for preciso. Como escreveu Eça de Queirós, salvo erro no relato sobre a sua viagem ao Egipto, a justiça afastar-se-á para eles passarem.