13 de maio de 2022
A AGONIA DO PC. O ocaso do Partido Comunista Português (doravante PC) surpreende, apenas, pelo tempo que demorou. Há décadas que os comunistas portugueses vivem do passado e para o passado, a defender causas que o tempo tornou obsoletas. E agora a defender Putin, como se Putin fosse a luz que dantes brilhava no Kremlin ou da mesma família política, embora em comum desprezem a democracia. Não lamentarei o desaparecimento do PC, como é óbvio. Mas insurgir-me-ei contra quem o queira extinguir por decreto, como já vi por aí quem defenda. E não acho que o PC faz falta à democracia, como também já ouvi. Afinal, se é verdade que o PC foi dos que mais lutou pelo fim do Estado Novo, não é menos verdade que não o fez por amor à democracia. Fê-lo porque ambicionava instalar a sua própria ditadura, a ditadura do proletariado, seguramente pior. Quem conhece os factos à época (de 25 de Abril de 1974 a 25 de Novembro de 1975) e os viu com distância sabe que seria assim caso os planos lhe tivessem corrido de feição. Saudades do PC, portanto, só da festa do Avante!, onde fui durante sete ou oito anos seguidos e me deliciei com a música, a pintura, a comida, as noites até às tantas e o ambiente em geral. Por isso, e só por isso, paz à sua alma.