4 de maio de 2022
AGACHEMO-NOS. Talvez se possa dizer que somos, todos, contra a guerra. Seja a guerra que for, pelos motivos que for. Não basta, porém, ser contra as guerras para impedir que elas sucedam. É o caso da Ucrânia, que pegou em armas para se defender da invasão russa. E fazer o quê diante um facto consumado? Apelar à paz e ao diálogo entre as partes de modo a pôr fim às hostilidades e encontrar uma solução pacífica? Acontece que os apelos à paz e ao diálogo não têm mudado um milímetro os planos de Putin, que são, é bom não esquecer, retomar o controlo dos países que integravam a extinta União Soviética e «reescrever a História». A bem, ou a mal. Assim sendo, fazer o quê? Agacharmo-nos e esperar que Putin alcance o objectivo, como nos agachámos quando anexou a Arménia? Culpar a NATO por pretender alargar a sua área de influência e com isso impedir os delírios de Putin? Inventar teorias conspirativas de modo a «demonstrar» que o preto é branco e a culpa é da Ucrânia? E seguir-se-á quem depois da Ucrânia? Claro que o carniceiro de Moscovo tem armas nucleares e já avisou que as pode usar. Mas ceder à chantagem de Putin e ficar eternamente refém dessa ameaça é o caminho mais curto para o desastre.