12 de julho de 2023
TRUMPISTAS. Tirando excepções, há três espécies de apoiantes de Trump: os que votam no candidato do Partido Republicano mesmo que ele seja uma besta; os que não estão informados sobre quem votam e por isso acreditam ser verdadeiras incontáveis mentiras e plausíveis as teorias mais absurdas; e os que, estando informados, votam na criatura porque a criatura sente um indisfarçável prazer em insultar os adversários que eles, por medo ou pudor, não se atrevem. O ex-presidente americano está acusado de ter cometido mais de sete dezenas de crimes, e é suspeito de muitos mais. Como diz a lei e o senso comum, está inocente até prova em contrário, prerrogativa que os apoiantes de Trump não concedem aos seus adversários, que geralmente tratam por criminosos mesmo sem existirem suspeitas minimamente fundamentadas. É vê-los por aí a dizer que os adversários são pedófilos que matam criancinhas para lhes beber o sangue, a jurar que a Covid nunca existiu e a vacina foi inventada para nos controlar, e de um modo geral a papaguear toda a espécie de teorias de modo a alimentar o ódio que sentem por quem não é como eles. Já os não informados e os que se dizem informados, os primeiros repetem as mentiras da seita porque pertencem à seita, e os segundos alternam a indigência com a boçalidade. O que mais espanta neste cenário grotesco é que passaram seis anos para o conhecer por dentro e por fora de modo a concluir, sem esforço, que o sujeito é imprestável. Pior: se nos quatro anos em que foi presidente foi pior que se antevia, não será difícil imaginar o que nos espera se for reeleito. Será um milagre que o consiga. Mas também seria um milagre em 2016, e a verdade é que, perante a surpresa geral, o milagre aconteceu.