20 de fevereiro de 2004

Miguel Sousa Tavares acha que Santana Lopes não tem currículo, «competência, estatuto e mérito para se tornar Presidente da República». Que nunca teve «qualquer sombra de ideia, de projecto, de pensamento político próprio». E que, se for Presidente da República, vai «ter vergonha de ser português». Mas, depois, contradiz-se. Santana Lopes «tem qualidades humanas» raras no meio, que «merecem respeito e solidariedade». A «forma politicamente incorrecta como ele [Santana Lopes] gere a sua vida privada», a «fidelidade que tem para com os amigos» e a «maneira como não se deixa conduzir por um código de conduta virtuoso que qualquer assessor de imagem lhe recomendaria» merecem, igualmente, realce. Quanto ao currículo, que começou por dizer que não tinha, o candidato presidencial tem-no e não é pequeno: «Desde que eu me lembro de seguir a política portuguesa Santana Lopes esteve lá sempre. Trabalhou com Sá Carneiro, com Balsemão, com Cavaco, com Barroso. Foi deputado no Parlamento e deputado em Bruxelas, secretário de Estado e autarca, presidente do Sporting e vice-presidente do PSD, figura incontornável em todos os congressos do partido, a favor, contra e novamente a favor da aliança com o CDS/PP, detentor crónico de tribunas em todos os meios de informação em acumulação com os cargos políticos, enfim, juntamente com Mário Soares, talvez a figura mais presente na política portuguesa dos últimos trinta anos». Eu não quero dar a ideia que estou a embirrar sistematicamente com Miguel Sousa Tavares, embora tenha embirrado bastante ultimamente. Até porque, como ele, também não simpatizo com Santana Lopes. Só que a prosa contra Santana foi um tiro no pé, pois MST começou por dizer uma coisa e terminou a dizer o contrário.