29 de julho de 2005
«Lia eu as aventuras de Artur Corvelo quando uma magnífica pequena se sentou atrás de mim. Ia naquela parte em que o autor de Esmaltes e Jóias acordava numa pensão reles ao lado de uma catraia de aspecto medonho, mas poucos minutos bastaram para que eu me esquecesse do personagem de Eça.» O resto está aqui.
28 de julho de 2005
Graças à compra de Longe de Manaus, fiquei a saber que António Sousa Homem e Francisco José Viegas são a mesma pessoa. Quem diria?
27 de julho de 2005
Olha, o primeiro-ministro espanhol descobriu a pólvora: «Para além da posição que cada país adoptou sobre o Iraque, devo dizer que o risco [do terrorismo islâmico] é global, como vimos nos atentados no Egipto».
26 de julho de 2005
«Uma dessas tertúlias [de estudantes], de reconhecida elevação de espírito, tinha uma estranha particularidade: os seus elementos não queriam nada com a água e o sabão. Mantinham uma guerra aberta com a limpeza, alegando que só desprezando o corpo se conseguia uma completa sublimação do espírito. Enfim...
[O poeta] João de Deus, sempre ávido de convívios interessantes, fez várias tentativas para entrar nessa curiosa tertúlia. Em vão... Os estatutos, muito apertados... exigiam ao candidato uma prova insofismável de falta de limpeza.
Inspiração era com João de Deus. Um dia, julgou encontrar a chave da impenetrável porta. No melhor papel de carta que pôde arranjar, redigiu a pretensão, esmerando-se na caligrafia e no estilo. No fim, limpou o rabo ao papel, dobrou-o como mandam as regras e meteu-o num envelope da melhor qualidade. Tudo muito distinto...
Esperou, naturalmente, ser recebido em apoteose. Engano. A resposta chegou na volta do correio, seca e cortante:
"Indeferido por ter limpo o cu."»
Crónicas do Meu Vagar, de Camilo de Araújo Correia
[O poeta] João de Deus, sempre ávido de convívios interessantes, fez várias tentativas para entrar nessa curiosa tertúlia. Em vão... Os estatutos, muito apertados... exigiam ao candidato uma prova insofismável de falta de limpeza.
Inspiração era com João de Deus. Um dia, julgou encontrar a chave da impenetrável porta. No melhor papel de carta que pôde arranjar, redigiu a pretensão, esmerando-se na caligrafia e no estilo. No fim, limpou o rabo ao papel, dobrou-o como mandam as regras e meteu-o num envelope da melhor qualidade. Tudo muito distinto...
Esperou, naturalmente, ser recebido em apoteose. Engano. A resposta chegou na volta do correio, seca e cortante:
"Indeferido por ter limpo o cu."»
Crónicas do Meu Vagar, de Camilo de Araújo Correia
6 de julho de 2005
5 de julho de 2005
Para quem, como eu, comprou algumas dezenas de livros na Byblos, o encerramento das vendas on-line é uma péssima notícia. É que, além de um catálogo com cento e tal mil títulos, a Byblos tinha um excelente serviço e uns portes de correio a preços imbatíveis.
4 de julho de 2005
Escrevo rodeado de arraiais por todos os lados. Só ainda não consegui perceber se são para comemorar o 4 de Julho ou o fim do Barnabé. É que, como é sabido, estes americanos são bem capazes de tudo.
Paul Theroux dizia que não acreditava no fim da miséria em África. Contando a sua experiência de alguns anos nos Peace Corps algures no continente africano, o escritor americano dizia que as populações estavam tão habituadas à ajuda humanitária que não sentiam necessidade de mexer uma palha para comer e ter os mais elementares cuidados de saúde. Ou seja, para os países carenciados do continente africano (e supõe-se que não só do continente africano), as ajudas humanitárias representam simultaneamente o que há de melhor e o que há de pior.
1 de julho de 2005
Quando o dr. Constâncio revelou o valor do défice previsto para 2005 — 6,83 por cento — ficou a ideia de que as décimas se destinavam a demonstrar o rigor do cálculo. Afinal, o Público diz que há uma «gralha», que se for corrigida faz descer o dito para 6,72 por cento. Irrelevante? Não me parece. É preciso não esquecer que ainda há meia dúzia de dias foi anunciado que o Orçamento Rectificativo para 2005 continha uma «incorrecção», pelo que o caso da «gralha» não pode ser visto isoladamente. Bem sei que a oposição aproveita situações destas para fazer uma tempestade num copo de água, mas não se pode considerar irrelevante o que mina a credibilidade do Estado.
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