16 de junho de 2008
REFERENDO. Não tenho uma opinião definitiva sobre o Tratado de Lisboa, mas tenho uma opinião definitiva sobre o referendo da Irlanda. Repetir a consulta popular porque ela não deu os resultados que alguns esperavam, só pode ser brincadeira de mau gosto. Ignoro como vai a Europa descalçar a bota irlandesa, isto partindo do princípio que estamos perante um problema sério e difícil de resolver. Mas repetir o referendo até que os irlandeses se pronunciem como os mandantes da Europa desejam, é uma manobra anti-democrática — além de os mandantes da Europa se arriscarem a um «não» ainda mais expressivo. O ideal, para esta gente, seria fazer um referendo que garantisse, à partida, o resultado que lhes convém, e certamente tudo farão para que isso suceda caso o referendo se repita. Até porque estão em jogo inúmeras carreiras políticas, como a do nosso primeiro-ministro, e com as carreiras políticas não se brinca. Resta saber até onde vão os mandantes no desprezo por quem os elege.