1 de outubro de 2009

DEONTOLOGIA E PROFISSIONALISMO. Não me parece que «o Diário de Notícias cometeu duas faltas deontológicas gravíssimas» por alegadamente ter violado «correspondência privada trocada entre profissionais do Público» e «expor uma fonte deste jornal», como escreveu José Manuel Fernandes no Público de ontem, mas admito que o caso se preste a outras interpretações. Mas já não me parece susceptível de duas interpretações o facto de o Público ter noticiado, de forma pouco profissional (para dizer o mínimo), um assunto que sabia de antemão constituir «uma bomba», permitindo que se criassem fundadas suspeitas quanto aos motivos que levaram o jornal da Sonae a publicar a notícia nos termos em que o fez. Pretender reduzir o assunto das alegadas escutas do Governo à Presidência da República ao e-mail publicado pelo DN, é querer transformar o acessório no essencial. E o essencial, vale a pena lembrar, é que a revelação do e-mail, cujo conteúdo ninguém desmentiu, foi fundamental para se perceber os contornos do caso, pois demonstrou que as alegadas suspeitas de Belém eram pouco fundamentadas, e que o Público não fez o que devia — ou fez mal o que devia. (Ver, a propósito, post do Jumento.)