19 de outubro de 2012

RANGEL E A BOLA (2). Como já disse, nada obstará a que o juiz Rui Rangel se candidate à presidência do Benfica, e nada o impedirá de exercer tal função caso seja eleito. Mas continuo a achar, como também já disse, que os juízes em pleno exercício de funções devem, de um modo geral, afastar-se de actividades que, não sendo incompatíveis do ponto de vista legal com a profissão que exercem, são-no claramente do ponto de vista ético. O senso comum, pelo menos a noção que eu tenho do senso comum, recomenda que um juiz no activo paute a sua actividade pelo low profile, e o presidente de um clube como o Benfica não pode dar-se a esse luxo — para já não dizer que por vezes vai ter que esquecer-se de que é juiz se quiser defender o clube a que preside, e esquecer-se do clube a que preside se quiser exercer a profissão como deve ser exercida. Pior, nas próximas eleições do Benfica, só quando José Eduardo Moniz, em directo no Telejornal, se ofereceu ao actual presidente do Benfica para «o que for necessário», sem que alguém percebesse o que o fez mudar de ideias quando ainda há pouco disse o pior de Vieira. O mundo dá muitas voltas, mas nunca pensei que se prestasse a este vexame.