3 de julho de 2019
FACEBOOK (1). As redes sociais em geral e o Facebook em particular deram voz a quem a não tinha. O resultado está à vista, e não me parece que seja surpreendente: descontando uma minoria, embora uma minoria substancial, as redes sociais vieram pôr a nu o que o homem tem de pior. Revelaram a existência de uma maioria silenciosa que esperava uma oportunidade para liquidar o próximo (como as caixas de comentários dos jornais começaram por demonstrar), apesar de no dia-a-dia nos parecer gente pacata. Publico textos online muito antes das redes sociais, e recordo-me bem dos emails recebidos só com o intuito de me insultar. Graças aos blogues, primeiro, e às redes sociais, depois, esta gente passou a manifestar-se doutra maneira, e talvez porque o que hoje dizem é mais ou menos público, há que insultar o mais grosseiramente possível. Como isto acontece geralmente no Facebook, que há quem diga ser já coisa de velhos (ver texto que publicarei em breve), talvez sejam apenas ressentidos que querem desabafar. Como agora toda a gente tem voz, ou julga ter, é possível que, despejado o veneno, acabe por passar. Como dantes se dizia do vinho, o Facebook, mas não só o Facebook, é o novo ópio do povo. Embora o povo seja aqui invocado como uma espécie de albergue espanhol, onde se diz que cabem todos.