13 de dezembro de 2020
VALSINHA DOS COBARDES. Num esforço final para subverter o resultado das presidenciais americanas de 3 de Novembro, o procurador-geral do Texas, a que se juntaram 17 procuradores de outros tantos estados, 126 congressistas eleitos pelo Partido Republicano e o próprio Presidente Trump, pediu ao Supremo Tribunal que anulasse milhões de votos legítimos nos estados da Geórgia, Michigan, Pensilvânia e Wisconsin, pedido que a ser bem-sucedido roubaria a vitória de Biden. Tiveram, porém, um revés: como em todos os processos anteriores movidos contra estes e outros estados, que os tribunais rejeitaram por falta de evidências, também este não apresentou evidências de irregularidades. A ser verdade que o procurador do Texas, a contas com a justiça, se prestou a esse serviço na esperança de um perdão presidencial, é da natureza humana querer salvar a pele. Mas que 18 estados e mais de uma centena de congressistas quisessem roubar a eleição «mais segura de sempre», no dizer da agência governamental responsável pela cibersegurança, diz muito onde a democracia chegou. Felizmente que as instituições, muito abanadas nos últimos quatro anos, se mantêm sólidas. Como se previa, o Supremo fez o que havia a fazer: rejeitou o pedido, porque sem ovos não se fazem omeletes. Foi mais uma derrota para Trump, talvez a maior de todas a seguir às eleições. Tendo em conta a natureza do sujeito, que jamais terá assumido uma derrota, será mais uma que não aceitará como tal. E teve ele, depois de quatro anos em que ultrapassou as piores previsões, 74 milhões de votos nas presidenciais em que disputava a reeleição. Desde que sei alguma coisa sobre a natureza humana que deixei de ter ilusões sobre ela, mas nunca pensei que me decepcionasse tanto.