31 de janeiro de 2005
Olha, o primeiro-ministro espanhol respondeu a uma carta de Maria Barroso e a senhora resolveu vir para os jornais fazer alarde disso.
28 de janeiro de 2005
Invocando a qualidade de «cidadão independente», Freitas do Amaral publicou um artigo na Visão onde defendeu a maioria absoluta para os socialistas. Como seria de esperar, o caso deu azo a reacções várias, nomeadamente da direita, e quase todas para o criticar. Tirando o PS, não me lembro de ver uma só criatura aplaudir a decisão do professor. Nem à direita, nem à esquerda. Surpresa também não foi para ninguém, pois quem compara George W. Bush a Hitler e Paulo Portas a Estaline já não surpreende. Temos, assim, que foi um acontecimento trivial? Evidentemente que não foi. Em primeiro lugar, porque Freitas do Amaral foi o fundador do partido mais à direita em Portugal. Depois, porque não abundam os casos de mudança da direita para a esquerda.
26 de janeiro de 2005
Francisco Louçã admitiu que o argumento por ele usado no debate com Paulo Portas «não foi claro», e que não o voltaria a usar caso o confronto se repetisse. Acontece que isto não convence ninguém. Se há uma coisa de que não se pode acusar Louçã é de não ter sido claro, pois o que ele disse toda a gente entendeu. A não ser que ele ache que deveria ter levado mais longe a investida moralista, o que não me espantaria.
Mais um post politicamente incorrecto do Alexandre Soares Silva e mais um post magnífico do Filipe Nunes.
25 de janeiro de 2005
Segundo o Público, Matilde Sousa Franco quer ser provedora da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa. A viúva do ex-ministro das Finanças terá mesmo aceitado ser cabeça de lista pelo PS em Coimbra com essa condição. Temos, assim, que a senhora não está interessada em ser deputada — apesar de se apresentar ao eleitorado como se estivesse. Se esta estória tivesse moral, a moral só podia ser esta: a senhora ainda agora chegou à política e já se meteu num esquema pouco edificante. Pouco edificante mas muitíssimo esclarecedor.
Quando seria de esperar que explicasse o episódio com Paulo Portas ou fizesse mea culpa (ou as duas coisas), Francisco Louçã limitou-se a fazer de conta que nada se passou. Um artista, o cavalheiro.
24 de janeiro de 2005
Se bem entendi, os presidentes do Sporting e do Benfica querem que seja o Governo a nomear os árbitros para os jogos de futebol. Em nome da «verdade desportiva», asseguram, e porque os clubes jamais se entenderão quando o assunto é arbitragem. Os donos da bola querem que o governo crie um organismo para o efeito — uma espécie de Conselho Superior da Magistratura ou Ministério Público para o futebol. Assim sendo, e fazendo a vontade aos cavalheiros, teríamos um organismo para decidir quem apitaria o Benfica-Sporting ou o Serapicos-Vila Pouca. Infelizmente não entraram em detalhes quanto ao funcionamento do dito organismo, nomeadamente como se arranjaria um responsável para o dirigir que fosse sério e sem simpatias clubísticas. Foi pena, pois o assunto prestava-se a umas gargalhadas. Até já estou a ouvir a turba a exigir a demissão do Governo por causa do desempenho do árbitro. Havia de ser lindo.
21 de janeiro de 2005
Dois séculos após o Presidente Sampaio dissolver a Assembleia da República, Mota Amaral veio dizer que, na sua «opinião pessoal», as razões apresentadas pelo Presidente da República para a dissolução do Parlamento são mais que discutíveis. Razão tem o dr. Alberto João ao dizer que não tenciona levantar «o rabo da caminha para fazer campanha» caso Mota Amaral seja candidato à Presidência da República.
Miguel Sousa Tavares gastou 1.389 caracteres para dizer o que podia ter dito desta maneira (e em 21 caracteres) caso tivesse coragem: os americanos são burros. Luís Osório gastou 2.402 caracteres para dizer o que podia ter dito desta maneira (e em 21 caracteres) caso tivesse coragem: os americanos são burros. Mesmo assim, e embora a tese não seja original, o exercício não deixou de ser divertido.
Não há eleições em que não se acuse quem está no poder de o usar para fins eleitorais — e, provavelmente, não há quem esteja no poder que não o use para fins eleitorais. Mas se de um lado se usa o poder para fins eleitorais, do outro exagera-se nas acusações. Assim sendo, governo e oposição saem invariavelmente mal desta estória. Por uma razão: ambos exageram, e ambos mentem.
19 de janeiro de 2005
18 de janeiro de 2005
17 de janeiro de 2005
Não exagero se disser que a única coisa que me interessa na revista Veja é a crónica de Diogo Mainardi. Como o acesso à edição na Internet não é gratuito, uma das formas de ler a revista online é através de uma senha impressa na versão em papel. Mas como a versão em papel é distribuída dentro de um saco plástico — pelo menos a versão em papel a que eu tenho acesso —, a única forma de saber qual é a senha é comprando mesmo a revista. Dir-me-ão que uma vez adquirida em papel não é necessária a versão online, mas não é bem assim. Embora só por uns dias, a senha dá para ler a última edição e as edições anteriores. Como sou contra edições pagas na Internet, confesso que me apetecia divulgar a senha da última Veja. Mas fico-me pelo apetite.
14 de janeiro de 2005
Céu nublado, chuva, algum vento, frio. Um texto sereno de João Bénard da Costa, uma crónica mais que oportuna de Vasco Pulido Valente, toda a música de Jacob Heringman. À noite, um cálice de Porto autêntico e alguns contos de Cardoso Pires antes de adormecer. Há dias quase perfeitos.
A dra. Maria Belo acha que Portugal deve «abrandar o investimento em território português» e «procurar investimentos» em Angola e Cabo Verde. Palavra de honra que há muito tempo que não me ria tanto.
12 de janeiro de 2005
Escassos dias após ter defendido que é preciso eliminar o «inimigo sionista», Mahmud Abbas garantiu que os palestinianos estão prontos a estender a mão aos vizinhos. Ignoro se isto é para valer ou só para inglês ver (Arafat era perito nesta manobras), mas o gesto merece aplauso. Afinal, isto marca uma ruptura com a direcção anterior, além de demonstrar que a estratégia do ex-presidente da Autoridade Palestiniana estava errada.
11 de janeiro de 2005
Consta que mais de uma centena de empresários em busca de «oportunidades de negócio» viajou com a comitiva do Presidente da República na sua deslocação à China. Ora, perante isto, eu tenho uma perguntinha: tendo em conta que só meia dúzia de empresários paga impostos — 10 por cento, ao que dizem —, em que é que o País vai beneficiar com a deslocação destes cavalheiros?
10 de janeiro de 2005
«Três cavalheiros, Santana, Sócrates e Portas, nomearam pessoalmente cerca de 80 deputados. Visto de outro modo, mais ou menos 5.000 pessoas dos cinco partidos, reunidas em comissões locais ou nacionais, nomearam 190 deputados, ou seja, a quase totalidade do Parlamento que entra em funções dentro de seis semanas. Falta agora os restantes oito milhões de eleitores designarem os quarenta deputados que ainda se não conhecem.» Isto é um excerto da crónica de António Barreto no Público do último domingo, que prossegue: «Ao eleitorado, os candidatos nada têm a provar. Nem competências a exibir. Nem confiança política a demonstrar. Muito menos responsabilidade pessoal. Nada! Pelo contrário, é nos circuitos estreitos dos partidos que têm de exibir talentos. Agradar aos chefes. Saber sempre qual é a linha justa, isto é, reconhecer quem manda. Negociar com os autarcas. Conquistar os funcionários. Arranjar dinheiro para o partido. Lubrificar o aparelho. E não fazer ondas.» Também Vasco Pulido Valente abordou a questão no Público de sábado, lembrando que «os chefes» nomeiam pessoalmente metade da Assembleia da República. Nada disto é novo, como todos sabemos, mas a questão levantada por António Barreto e Vasco Pulido Valente continua a não ter a atenção que merece. Não que eu esteja convencido de que os círculos uninominais (que defende António Barreto) ou uma mudança de regime (como preconiza Vasco Pulido Valente) sejam a melhor solução, mas porque me parece evidente que isto não pode continuar assim.
7 de janeiro de 2005
Três dias após a recusa do dr. Cavaco em dar a cara num cartaz eleitoral do PSD, as reacções dos social-democratas começam a ser mais serenas e fundamentadas. Depois da gritaria inicial — um abuso colocar Cavaco ao lado de Santana, Santana não devia aproveitar-se da imagem dos ex-presidentes do PSD, etc., etc. — surgem, agora, vozes críticas em relação à decisão tomada pelo ex-presidente do PSD. De facto, tirando a «espuma» do momento, não se percebe a decisão, tanto mais que o dr. Cavaco quer ser Presidente da República e não ignora que dificilmente o será sem os votos do PSD. Pior só a desculpa que deu para recusar aparecer no cartaz, pois quem acredita que isso o prejudicaria academicamente? Razão tem o dr. Alberto João ao dizer que está «farto das histórias» do dr. Cavaco, e que veria com bons olhos que o ex-primeiro-ministro abandonasse o partido.
6 de janeiro de 2005
Parece que Paulo Pedroso passou de «presumível inocente» a «presumível culpado». Pelo menos é a ideia que fica quando se vê o destino que lhe foi dado — um lugar não elegível não sei em que lista, com o compromisso de não assumir o lugar de deputado enquanto decorrer o processo judicial que envolve o seu nome. Assim sendo, é caso para dizer: longe vão os tempos em que o ex-deputado foi para a cadeia como se fosse um herói e regressou da cadeia como se fosse um mártir.
«Os inimigos a abater não são [para os terroristas islâmicos] os agentes, os responsáveis por uma política, ou uma religião, não é uma Igreja, nem um Estado, não são militares, nem polícias, mas todos, os civis, os "outros" — nós», diz Pacheco Pereira no Público de hoje. Perante isto, apetece-me perguntar: por que será que é tão difícil perceber esta evidência?
4 de janeiro de 2005
Jornalistas americanos aplaudiram um discurso de Norman Mailer. O relato da pouca-vergonha está aqui.
3 de janeiro de 2005
«Para aqueles que cultivam a ideia que tudo o que vem dos EUA é bom por natureza ou definição», esta senhora lembra que há, também, aqueles que cultivam a ideia que tudo o que vem dos EUA é mau por natureza ou definição.
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