30 de novembro de 2007
A Sábado fez saber que os deputados portugueses no Parlamento Europeu gostam de ter familiares entre os seus assessores. Segundo a revista, Edite Estrela contratou o genro e a enteada, Capoulas Santos a filha, Manuel dos Santos o genro, Duarte Freitas o irmão, e Sérgio Matos a mulher. Tudo legal, pelos vistos. Já quanto ao mérito destas contratações, que alguns garantem ter estado na base da escolha, há razões para dúvidas, e de ética é melhor nem falar.
A avaliar pela considerável descida de leitores aqui no blogue durante o dia de hoje, a greve da função pública foi um sucesso. Aliás, este método de aferir a adesão à greve da função pública é bem capaz de ser mais certeiro que os métodos utilizados pelos sindicatos ou pelo Governo. Afinal, e para não variar, os sindicatos garantem que a greve rondou os 80%, enquanto o Governo se fica pelos 21%.
29 de novembro de 2007
Sim, a gente ouve falar numa professora britânica condenada a 15 dias de prisão seguida de expulsão do país (o Sudão) por ter autorizado que os seus alunos atribuíssem o nome de Maomé a um urso de brincar, e encolhe os ombros. É assim a cultura deles, a religião por aqueles lados é coisa de vida ou de morte, e podia ter sido pior. Fosse uma mulher de burka impedida de entrar numa escola europeia, e teríamos caso. Como não é, lamentamos — mas ninguém quer saber. A começar pelas feministas, que nestas ocasiões nunca se ouvem. É que, como sabemos, tudo é relativo, e hoje em dia a relatividade tudo explica e desculpa.
27 de novembro de 2007
Fernando dos Santos Neves, reitor da Lusófona, perguntou no DN: «Quem tem medo do Acordo Ortográfico?» Numa prosa manhosa e com partes a requererem segunda e terceira leituras para se entenderem, Santos Neves diz que «os receios e resistências» ao Acordo vêm de «patrioteiros valentões», de quem nunca foi «além de Badajoz», e dos que preferem continuar «orgulhosamente sós». Quanto a argumentos em defesa do Acordo, nem um. Por junto, o reitor limitou-se a dizer que é «inevitável», mas não explicou a sua necessidade. Vindo de quem vem, é pouco.
26 de novembro de 2007
Definitivamente que os técnicos que conceberam as mais recentes maquinetas de leitura não lêem um livro. Não lêem, nem aprenderam nada com os modelos anteriores, em alguns aspectos superiores aos actuais. Por exemplo, qualquer modelo mais antigo possui iluminação interior, possibilitando a leitura em ambientes escassamente iluminados — ou mesmo completamente às escuras. Nenhum dos recentes modelos (Sony Reader e Amazon Kindle) possui esta função. Aliás, como sucedeu com o Sony Reader, o agora lançado Amazon Kindle é mais um modelo falhado. Nem a ligação à Internet o salva — ou, sequer, o torna um concorrente de peso do modelo da Sony. Começa logo pelo design, a roçar o mau gosto. Em vez de aproveitarem ao máximo o espaço com o ecrã, como fez o Sony Reader, quase metade do dito é ocupado com uma infinidade de botões. Pior: à semelhança do Sony Reader, não se percebe a ausência de ecrã táctil, uma tecnologia cada vez mais em uso e que, no caso, faria uma enorme diferença, além de que teria evitado uma infinidade de botões. Mas o mais inacreditável de tudo é constatar-se que os fabricantes destes aparelhos não aprenderam nada com os modelos anteriores. Caso tivessem prestado atenção, teriam copiado o que estava bem, melhorado o que precisava de ser melhorado, e adicionado novas funcionalidades. E foi pena, pois o Sony Reader nunca me satisfez. Como, aliás, já aqui disse.
23 de novembro de 2007
Claro que os jornalistas têm o direito de fazer as perguntas que muito bem entenderem, incluindo perguntas parvas e a despropósito, mas o seleccionador também tem o direito de não gostar delas — e de reagir em conformidade. Não é assim? A avaliar pelas reacções, não é assim. Scolari é detentor de um cargo importante, e principescamente pago para o desempenhar. Deve, por isso, comer e calar, e não fazer ondas. Acontece que os regulamentos não o proíbem de dizer o que pensa, ou de discordar quando achar caso disso. Por muito que custe a alguns, são estas as regras do jogo. Posto isto, devo acrescentar, ainda, que em nenhuma ocasião me senti envergonhado com a postura de Scolari, mesmo quando não se portou como devia. Aliás, duvido que haja um único português que tenha razões para sentir vergonha de Scolari. Afinal, o seleccionador sempre fez o que achou melhor para a selecção, e os frutos estão aí para o demonstrar. Dizem alguns que os resultados não são tudo, que outros valores se levantam. Discordo. Se o seleccionador fosse uma excelente pessoa mas não tivesse resultados, há muito que teria sido despedido. Se a selecção que comanda jogasse bonito mas não alcançasse os objectivos, ninguém hesitaria em crucificá-lo. Como se vê por estes exemplos, a que se poderiam juntar muitos mais, as coisas são o que são. O resto pode ser muito bonito, mas só os resultados é que contam.
21 de novembro de 2007
De facto, não se percebeu a estratégia da Finlândia frente à selecção portuguesa, como lembrou Scolari. Quando seria de esperar que jogasse ao ataque, pois só a vitória lhe interessava, os finlandeses jogaram como se o empate chegasse. Quanto ao resto, safámo-nos. Podíamos ter ganho, mas também podíamos ter perdido. O seleccionador nacional tem razão em reagir da forma como reagiu. Afinal, que mais queremos? Bons resultados e melhores exibições? E por que não exigimos ser os melhores em tudo o resto?
19 de novembro de 2007
O director da PJ afirmou, ao Expresso, que Portugal é «uma boa retaguarda» para os terroristas. «Somos uma boa retaguarda para todas essas pessoas. Somos um sítio de fuga, de esconderijo. Essas pessoas precisam de descansar, arranjar dinheiro e documentos. E nesse aspecto somos retaguarda», disse Alípio Ribeiro. Espera-se, agora, que os terroristas tenham ouvido a mensagem, e que os mais cépticos se tenham finalmente convencido de molde a abalar para o nosso país rapidamente e em força.
16 de novembro de 2007
Como seria de esperar, o veto do presidente americano à proposta de Patrick Kennedy (o congressista propôs que o Governo federal financiasse o ensino da língua portuguesa nos EUA) causou grande alarido. Primeiro, porque a coisa veio de Bush, e vindo de Bush não pode ser coisa boa. Depois, porque a decisão é uma estupidez, e ofende os portugueses. Ora, um pouco menos de patriotismo idiota bastaria para ver a coisa de outra maneira. Por exemplo, o que se diria se o Governo português resolvesse gastar uns milhões de euros a ensinar os ucranianos residentes em Portugal a falar a sua própria língua? Ou a ensinar a escrever chinês aos chineses? Achariam bem? O que faz sentido o governo americano apoiar nos EUA é o ensino do inglês destinado aos emigrantes que têm dificuldades com a língua inglesa, sejam eles portugueses ou não. O resto é uma excentricidade. Uma excentricidade que nos dava jeito, mas uma excentricidade.
Não há dia que passe que os portugueses na Venezuela não sejam notícia pelas piores razões. Ou porque são assassinados, ou porque são raptados, ou porque são acusados de crimes vários. Não sou adepto das teorias da conspiração, mas há demasiadas coincidências para acreditarmos que estamos, apenas, perante coincidências.
Coincidência a tomada de posição do Conselho de Redacção da RTP face ao caso Rodrigues dos Santos precisamente no dia em que se anuncia a saída de Almerindo Marques? Pode ser. Mas por que levou tanto tempo o Conselho de Redacção da RTP a dizer o óbvio?
Independentemente das razões que possa haver para trocar «húmido» por «úmido» ou «facto» por «fato», o que eu gostaria de ver discutido é a necessidade de um acordo ortográfico. (O resto está aqui)
14 de novembro de 2007
Se «Chávez fez os possíveis por encerrar um canal de televisão venezuelano que lhe era desfavorável», diz Rui Tavares, «Juan Carlos não está isento de telhados de vidro». Como se vê, o relativismo serve para tudo, e tudo pretende explicar. Temos, assim, que o cronista do Público não distingue o aprendiz de ditador do rei de Espanha, o que só vem confirmar o velho ditado de que o pior cego é aquele que não quer ver.
12 de novembro de 2007
Pilhas de cartas e manuscritos descobertos após a sua morte revelam que Faulkner nunca abria a correspondência enviada por leitores e admiradores. Ao contrário, as cartas dos editores abria-as com todo o cuidado, não fossem elas conter um cheque e ficar inutilizado. Conrad odiava Dostoievsky por ser russo, e por achar que o autor de Crime e Castigo era louco e confuso. A simples menção do seu nome provocava-lhe ataques de fúria. Isto e muito mais em Written Lives, do espanhol Javier Marías (ignoro se existe tradução portuguesa), acabadinho de me chegar às mãos e que não hesito em recomendar.
9 de novembro de 2007
Não me parece que falte aos portugueses «aquele sentido de pertença comunitária que impede a um britânico, a um alemão, a um canadiano ou a um australiano tirar vantagem pessoal de algo que está ao serviço da comunidade», como diz Miguel Castelo Branco (o post já tem alguns dias mas só hoje o li). O que falta aos portugueses são mecanismos que os obriguem a portarem-se de forma decente, e que lhes dêem com o sarrafo quando se portam mal. É isso o que sucede, por exemplo, nos países que aponta, não por causa do «sentido de pertença comunitária».
8 de novembro de 2007
Não discuto os motivos que levaram os sindicatos a marcar uma greve para o próximo dia 30, pois não estou informado de molde a ter opinião. Mas há um expediente a que os sindicatos invariavelmente recorrem que não acho sério e raramente vejo denunciado: as greves são sempre marcadas para as sextas-feiras, sem dúvida no intuito de convencer os mais cépticos.
5 de novembro de 2007
Que raio de país é o nosso onde se sucedem coisas destas? Claro que a situação de Maria Brandão seria grave mesmo que fosse caso único, mas quando não há semana em que não conheçamos casos destes, deixando adivinhar que muitos mais haverá que nunca chegarão aos telejornais, alguma coisa está muito mal com os organismos que decidem estas coisas. Fez bem o ministro das Finanças em mandar reapreciar o caso da funcionária pública. É que os portugueses precisam de saber que algo está a ser feito para que situações destas não se repitam — e, muito menos, se generalizem. Quanto aos profissionais que decidem estas matérias, o mínimo que se pode dizer é que se esperaria mais profissionalismo. Esperar-se-ia, para começar, que nos explicassem em que pressupostos assentou o veredicto de Maria Brandão — ou, então, que assumissem o erro. Mas não vale a pena ter ilusões. Por aquilo que se viu até agora, é melhor esperar sentado.
2 de novembro de 2007
1 de novembro de 2007
Podem crer que não exagero se disser que já vi analfabetos com teorias mais sofisticadas contra os judeus que as do Pedro Arroja.
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