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29 de janeiro de 2010
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28 de janeiro de 2010
CONSELHOS PRESIDENCIAIS. Não sei se a carne de porco é melhor que viagra para aquilo em que estão a pensar, até porque do segundo ainda não experimentei. Mas amanhã, que a meteorologia promete sol no quintal, talvez grelhe umas fêveras.
PROSTITUIÇÃO. Ora aqui está um sector de actividade em que somos competitivos mesmo sem ajuda do Estado.
26 de janeiro de 2010
MILAGRES. Não sou crente, mas nada tenho contra quem é. Mas por que razão os repórteres repetem que estamos diante «um milagre» sempre que, no Haiti, se descobre um sobrevivente improvável? Um milagre, que eu saiba, atribui-se a causa divina, ao sobrenatural, e como tal é entendido pelo comum dos mortais. Bem sei que os «milagres» de que falam os repórteres extravasam, e muito, o âmbito religioso, mas é perfeitamente evitável — e nada rigoroso do ponto de vista dos factos.
22 de janeiro de 2010
DEPUTADOS. Leis claras e simples? E como vão alimentar-se os escritórios de advogados com leis claras e simples?
21 de janeiro de 2010
ARREFECIMENTO GLOBAL. Que existem dúvidas acerca do aquecimento global, já se tinha notado. Que há quem aproveite a teoria para barafustar contra o capitalismo e anunciar o fim do mundo, constata-se a cada passo. O que não se suspeitava é que a teoria do aquecimento global pudesse chegar a um ponto em que não tem ponta por onde se lhe pegue. Como esta notícia demonstra, a entidade mundial que estuda as mudanças climáticas comete erros que nem o mais incompetente se atreveria. Mais: os factos em que assenta um dos principais indicadores do aquecimento global (o desaparecimento dos glaciares nos Himalaias) roçam o anedótico.
20 de janeiro de 2010
19 de janeiro de 2010
CHÁVEZ. Demorou, mas não falhou. Os Estados Unidos aproveitaram a tragédia do Haiti para ocupar militarmente o país. Até ver, Hugo Chávez está sozinho neste «raciocínio», mas quando houver notícias de que a tropa americana usou meios violentos para impor a ordem, um cenário cada vez mais provável, quero ver se a tese se vai ficar pelo pantomineiro da Venezuela.
18 de janeiro de 2010
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15 de janeiro de 2010
HAITI. Por mero acaso, li, há pouco, El reino de este mundo, do cubano Alejo Carpentier, um livro que me abriu o apetite para Los pasos perdidos (que também já li) e outros que hão-de vir. El reino de este mundo é um romance que tem como pano de fundo a revolução haitiana, e personagens extraordinárias como Mackandal ou Ti Noel. Não acrescenta um milímetro à compreensão da tragédia haitiana, mas merece, por si só, uma leitura, e sempre acrescentará alguma coisa a quem quiser conhecer melhor o país.
INDEPENDÊNCIAS. Antigamente, era pecado zurzir em quem estava no poder, e geralmente pagava-se cara a ousadia. Hoje, é pecado defender quem está no poder, embora os custos sejam infinitamente menores. (Continue a ler aqui.)
14 de janeiro de 2010
JL. Não há uma segunda oportunidade para causar uma primeira boa impressão, como dizia o outro, mas a notícia de que o Jornal de Letras passou a estar na Internet agradou-me. Como em tempos expliquei, deixei de ler o JL porque me fartei do jornalismo de capelinha, de ver gente promovida cujo único mérito era possuír currículo antifascista, e de ver silenciado quem não merecia por não ter esse currículo. Por falta de espaço, poucos anos depois desfiz-me do arquivo, onde se incluía o número um (ou zero, se houve). Provavelmente o JL continua como sempre foi, e nesse caso não me interessa. Mas como não tenho de me deslocar ao quiosque, não custa nada voltar a tentar.
13 de janeiro de 2010
JUÍZOS DISFARÇADOS DE NOTÍCIAS. As notícias sobre o caso McCann, pelo menos as notícias que eu vi na RTP, são tão enviesadas que chegam a ser vergonhosas. Não é preciso conhecer grande coisa do processo que opõe os McCann a Gonçalo Amaral para perceber que os jornalistas estão com Gonçalo Amaral, e contra o casal McCann. Além de o trabalho dos jornalistas não ser esse, parece que não lhes passa pela cabeça a mais leve dúvida. Para um caso em que praticamente só existem dúvidas, não deixa de ser extraordinário.
ALDRABICES. No melhor pano cai a nódoa, mas ver a própria justiça envolvida num caso de polícia, é o cúmulo. Que a justiça já não surpreende, é um facto que todos os dias se confirma. Mas já me surpreende que ninguém faça o mais leve comentário.
12 de janeiro de 2010
O QUE INTERESSA. Alcançado um acordo entre Governo e sindicatos dos professores, chegou a hora de a discussão se centrar «em redor do ensino», «da escola», e «da educação», diz o Francisco, segundo ele o «que realmente interessa». Acrescenta ainda: «É o mínimo que se pede depois de um ano de acusações, de computadores Magalhães e de ressentimento.» Ora, há quantos anos se anda a pedir que se discuta o que realmente interessa? Que me lembre, desde sempre, e sempre o que realmente interessa foi preterido pela questão dos professores, pelo estatuto dos professores, pela avaliação dos professores, pelos estados de alma dos professores. Estarei a ver mal, mas não vislumbro nada de substancial que o acordo agora alcançado tenha mudado (o secretário-geral da Fenprof diz que estamos perante o mais importante acordo alcançado pelos professores nos últimos 20 anos, o que não deve ser bom sinal). A próxima etapa há-de ser os professores — a avaliação dos professores, o estatuto dos professores, a carreira dos professores, o costume. Não é um palpite. É a ordem natural das coisas.
8 de janeiro de 2010
LI E GOSTEI (11)
Senhora! O sacerdócio da imprensa, cuja invenção se deve a um agiota do século XIV, é a mais augusta das funções, depois da «Arte de cozinha». Ocioso seria provar esta atrevida proposição, quando os exemplos saltam como camarões em terra seca. A rotundidade dos abdómenes, e a estupidez prodigiosa dos proprietários dos ditos, senhora, é a mais persuasiva prova de que a culinária tem sobre a imprensa a primazia disputada por alguns sandeus que se deixaram morrer de fome, embevecidos, no paradoxo da ciência.
Camilo Castelo Branco, Cenas da Foz (actualizada a grafia)
Senhora! O sacerdócio da imprensa, cuja invenção se deve a um agiota do século XIV, é a mais augusta das funções, depois da «Arte de cozinha». Ocioso seria provar esta atrevida proposição, quando os exemplos saltam como camarões em terra seca. A rotundidade dos abdómenes, e a estupidez prodigiosa dos proprietários dos ditos, senhora, é a mais persuasiva prova de que a culinária tem sobre a imprensa a primazia disputada por alguns sandeus que se deixaram morrer de fome, embevecidos, no paradoxo da ciência.
Camilo Castelo Branco, Cenas da Foz (actualizada a grafia)
7 de janeiro de 2010
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5 de janeiro de 2010
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4 de janeiro de 2010
CAMILO, SEMPRE. Gastei umas horas a retirar da internet (e a formatar a preceito) nove livros de Camilo (A Senhora Rattazzi, Voltareis oh Cristo, O vinho do Porto, O Olho de Vidro, Suicida, Agulha em Palheiro, Anos de Prosa, Cenas da Foz e Cenas Contemporâneas, todos disponíveis aqui) que eu não sabia que existiam em formato digital, e que já estão no Sony Reader. Para os que passam a vida a zurzir no formato digital, com razão e sem ela, digam-me lá uma coisa: onde conseguiria eu arranjar estas obras? Sei, por experiência própria, que jamais teria lido alguns livros caso não existissem em formato digital, e o caso de Camilo é só um exemplo. Não por questões de gosto ou de comodidade, mas porque são livros que não se encontram noutro formato. Escusado será dizer que isto justifica, por si só, o meu entusiasmo pelo formato digital, embora o troque pelo formato tradicional caso esteja disponível e seja melhor.
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