30 de dezembro de 2004
Tirando o essencial, nada mais sei acerca do maremoto asiático. E não sei por uma razão muito simples: quanto mais pormenores conheço acerca do sucedido, mais miserável me sinto. Pior: sinto uma revolta tremenda sempre que olho para aquilo. Eu sei que é fácil e barato dizer que é em alturas destas que a gente duvida da existência de deus, mas assim seria caso eu não fosse ateu. Porque a questão que a tragédia asiática levanta é mesmo esta: se deus existe, como explicar uma coisa destas?
28 de dezembro de 2004
Alguém me convenceu a ler Pedro Rosa Mendes. Como não tenho acesso às livrarias portuguesas (quero dizer acesso físico), comprei sem folhear Baía dos Tigres. Eis o primeiro parágrafo:
«Em cada milímetro deste chão está o último instante da minha vida. Posso contemplá-lo a perder de vista. É o motivo por que me transportam sempre de noite. Preservam-me. Não me incomoda. Agora mesmo é de noite e há bastante disso. É de noite sempre que não me encontro quieto. Deixei de estar com o medo porque ele me desertou. Transformou-se num território exterior. Enorme falta de solidariedade: não tenho onde de agarrar, o que pode ser fatal. O chão, a estrada, a savana, o país: o medo é um mapa e a obrigação dele. Não sei quantos dias tem de largura. Estamos a atravessá-lo e é de noite. Atravessar a noite é tudo o que tenho.»
Isto teve direito a dois prémios — ao Prémio de Ficção do P.E.N. Clube e ao Prémio de Literatura Fernão Mendes Pinto. Nada a objectar quanto a prémios. Mas, meus amigos, se isto é bom, eu odeio a literatura.
«Em cada milímetro deste chão está o último instante da minha vida. Posso contemplá-lo a perder de vista. É o motivo por que me transportam sempre de noite. Preservam-me. Não me incomoda. Agora mesmo é de noite e há bastante disso. É de noite sempre que não me encontro quieto. Deixei de estar com o medo porque ele me desertou. Transformou-se num território exterior. Enorme falta de solidariedade: não tenho onde de agarrar, o que pode ser fatal. O chão, a estrada, a savana, o país: o medo é um mapa e a obrigação dele. Não sei quantos dias tem de largura. Estamos a atravessá-lo e é de noite. Atravessar a noite é tudo o que tenho.»
Isto teve direito a dois prémios — ao Prémio de Ficção do P.E.N. Clube e ao Prémio de Literatura Fernão Mendes Pinto. Nada a objectar quanto a prémios. Mas, meus amigos, se isto é bom, eu odeio a literatura.
27 de dezembro de 2004
«Tomaram pela Avenida das Palmeiras, atravessaram a Praça de Armas e desceram para o Bairro da Marinha. À esquerda, um café pintado de verde abrigava-se sob um toldo oblíquo, de grossa lona amarela. Ao entrar, Cottard e Rambert limparam a testa. Sentaram-se em cadeiras de jardim, diante de mesas de chapa verde. A sala estava absolutamente deserta. Moscas zumbiam no ar. Numa gaiola amarela pousada no balcão, um papagaio, com todas as penas acamadas, estava abatido no poleiro. Velhos quadros representando cenas militares pendiam das paredes, cobertos de porcaria e de teias de aranha em espessos filamentos. Em todas as mesas de chapa e diante do próprio Rambert secavam excrementos de galinha, cuja origem ele compreendia mal, até que de um canto obscuro, depois de um certo rebuliço, saiu, saltitando, um galo magnífico.» Albert Camus, A Peste.
24 de dezembro de 2004
Em entrevista a O Independente, Clara Ferreira Alves disse que está horrorizada com a forma como está a decorrer o processo Casa Pia. E deu dois exemplos: o horror das prisões preventivas, e o horror da «plebe a fazer o linchamento de um arguido em praça pública». Sobre o horror das vítimas, nem uma palavra.
23 de dezembro de 2004
Depois de ler este post, fiquei com a sensação de que o «recado» me é dirigido. Assim sendo, e tendo em conta que o meu post pode ter dado azo a uma interpretação que não estava no meu horizonte, passo a explicar: quando apelei a uma vaga de fundo, quis fazer um apelo aos leitores do MacGuffin no sentido de o fazer mudar de ideias. Apenas isso.
22 de dezembro de 2004
O famoso «sistema», contra o qual o presidente do Sporting não se tem cansado de falar, produziu mais uma pérola. Graças a um expediente aparentemente legal, que implica o pagamento de uma multa e das despesas de deslocação do adversário (o Pampilhosa) a Lisboa (autocarros e não sei que mais), um jogador castigado dos «leões» (Liedson) vai deixar de o estar quando o clube de Alvalade defrontar o Benfica. Como os dados indicam, o expediente levanta, ainda, outra questão: como é possível que os regulamentos permitam que um clube pague as despesas do adversário numa competição oficial? Será que isto não configura uma tentativa de «comprar» o adversário?
Bem sei que a quadra não se presta para estas coisas, mas não deixo de recomendar a leitura disto. Vai um bocado atrasada a chamada de atenção, mas a actualidade mantém-se. Pior: tudo indica que vai manter-se nos próximos tempos.
21 de dezembro de 2004
20 de dezembro de 2004
Quem acredita em teorias de conspiração, não precisava que a enésima comissão de inquérito ao caso Camarate viesse «demonstrar» que houve atentado. Quem não acredita em teorias de conspiração, permanece exactamente na mesma. Isto é: continua a não saber o que se passou, se foi acidente ou atentado. Esta é que é a grande verdade sobre Camarate.
Apesar de Dias Loureiro ter garantido que o Presidente da República não será o adversário do PSD nas próximas Legislativas, é por demais evidente que o dr. Sampaio vai ser atacado forte e feio. Aliás, não vejo porque razão não haveria de ser. Por mais respeitável que seja o cargo que exerce — e seguramente que é —, Jorge Sampaio não está acima de críticas, e a decisão de dissolver a Assembleia da República presta-se a críticas. É mais que legítimo que o partido de Santana Lopes use a dissolução da Assembleia da República e a falta de argumentos do Presidente da República para se fazer de vítima. Assim sendo, o dr. Sampaio vai apanhar por tabela. Bem pode Dias Loureiro vir jurar a pés juntos que o partido a que pertence não atacará o Presidente da República que isso não vai acontecer. Os partidos da coligação até há pouco no poder vão ter que explicar ao eleitorado por que razão foram empurrados para a porta da rua, e isso não é possível explicar sem críticas ao Presidente da República. Quer queiram, quer não. A não ser que abdiquem de falar do passado, o que eu não acredito. É certo e seguro que PSD e PP vão querer demonstrar ao eleitorado que foram impedidos de governar quando achavam não haver razão para tal, como já o disseram várias vezes. Preparemo-nos, pois, para uma campanha eleitoral a doer. Por mim, antes isso que uma paz podre.
17 de dezembro de 2004
Meus senhores: costumo beber Moscatel de Favaios no final do jantar. (Sim, eu sei que o moscatel é um aperitivo.) Só que me esqueci de que já tinha acabado, pelo que me vi obrigado a beber um uísque mais que suspeito que para ali tinha. O resultado foi catastrófico: mal vejo o ecrã para escrever estas linhas. Mas não era bem isto o que eu queria dizer. O que eu queria dizer é que o Esmaltes e Jóias faz hoje dois anos.
16 de dezembro de 2004
Como qualquer pessoa que tenha acompanhado os desenvolvimentos do caso já percebeu, o desfecho do processo Casa Pia é imprevisível. Mas há uma coisa que também já se percebeu: o sr. Carlos Silvino ("Bibi") vai ser condenado. E porquê? Porque tudo indica que é culpado do que é acusado, e porque é um pobre coitado. Qual das duas razões contribuirá mais para a condenação? Provavelmente nunca se saberá. Mas fica a suspeita de que as coisas poderiam ter sido de outra maneira caso o sr. Carlos Silvino tivesse os meios que os outros têm para se defender.
15 de dezembro de 2004
Um discurso de duas horas e meia do presidente do Governo Regional da Madeira, que a oposição considerou próprio «para adormecer rinocerontes», despoletou uma peixeirada no Parlamento madeirense. Além dos rinocerontes, a coisa meteu acusações de enriquecimento suspeito a não sei quem identificado como «vendedor de sifões de retretes», que se defendeu chamando «gatuno» a quem o acusou. A coisa trouxe-me à memória uma passagem de As Farpas, que não resisto a transcrever:
O sr. presidente do Conselho falava. Houve um momento em que S. Exª, ou cometeu um erro de gramática, segundo o dizer de alguns jornais, ou arremessou desdenhosamente à circulação a eloquente palavra bomba, segundo a afirmação de outros. O facto é que a maioria entendeu que a melhor maneira de manifestar ao sr. presidente do Conselho que não tinha confiança na sua política, era apupá-lo! E a Pátria deve agradecer aos senhores deputados que eles não lhe tivessem dado bengaladas!
Então o sr. presidente, a título de esclarecimento, perguntou timidamente se se achava numa praça pública. Pergunta excessivamente ociosa. Numa praça nunca há nem aqueles gritos, nem aqueles tumultos — porque a polícia intervém e faz evacuar a praça. Impunemente, ao abrigo das instituições, sem ingerência policial — uma assuada só se pode dar na Câmara dos Deputados. Em mais nenhuma parte é permitido, pelos regulamentos da polícia, ser-se tão excessivamente trocista. O caso é que a maioria, para provar ao sr. presidente que se considerava ofendida com a designação de praça, rompeu num alarido tal como não é uso fazer-se na praça de touros — tudo para demonstrar bem claramente que não estava ali um grupo de moços de forcado, mas um corpo de legisladores. A palavra patife fez então pela primeira vez a sua entrada na Câmara e tomou assento. Foi também então que o sr. presidente do Conselho, em compensação, mandou o epíteto malcriados a cumprimentar e abraçar os eleitos do País.
A assuada, o motim, o chasco, o charivari, cresceram tão constitucionalmente que o Sr. Aires de Gouveia, eclesiástico, teve de enterrar na cabeça o seu chapéu alto. A este gesto, cheio de dedicação nacional, a tempestade evacuou a sala. Diz-se que alguns srs. deputados foram cumprimentados à saída pelos melhores frequentadores do sol na praça do Campo de Santana, que se achavam presentes. As galerias permaneceram impassíveis. Tal foi esta memorável sessão, em que a altura das ideias competiu com o vigor da eloquência!
Parece pois definitivo que o Parlamento decidiu adoptar o motim e a assuada como a forma parlamentar dos seus trabalhos. Vistes, amigos, a sessão de 29 de Junho.
Quereis assistir à de 29 de Julho? Aí tendes o seu fiel extracto:
O ORADOR (concluindo): — E foi assim, sr. presidente, que se passaram os factos.
O SR. LUCIANO DE CASTRO (interrompendo com grandes punhadas na mesa): — O ilustre deputado diz uma refinadíssima peta...
Vozes: — Apoiado, apoiado!
O ORADOR (voltando-se e desabotoando o colete): — Petas? oh! descarado! (apoiado, apoiado). Eu, sr. presidente, não posso consentir que esse biltre entre no meu foro interior!
Vozes: — Fora, fora!
O SR. COELHO DO AMARAL (espancando com dignidade o Sr. Barros e Cunha): — E assim provo, sr. presidente, que o Sr. Barros e Cunha não tem razão alguma nos princípios que estabeleceu.
O SR. MARIANO DE CARVALHO: — Mas a ditadura foi nefasta! E não há mariola nenhum que me demonstre o contrário... (acende o cigarro).
O SR. COELHO DO AMARAL (continuando o espancamento): — Não me interrompam o discurso! Não me interrompam!
O SR. PRESIDENTE (aos Srs. Mariano e Santos Silva): — Os senhores não têm direito a interromper sovas que o regimento garante (berreiro).
O SR. PRESIDENTE DO CONSELHO: — A Câmara está-se sepultando na mais profunda abjecção!
(O sr. presidente do Conselho sucumbe, sob uma chuva de bengaladas).
O SR. JOSÉ DIAS (batendo com a bengala sobre a mesa, a um contínuo): — Dois cafés! Um cabaz!
Vozes (atravessando o corpo legislativo). — Salta meia de Colares!
O SR. PINHEIRO CHAGAS (deitado, com ar melancólico):
«Oh virgem pálida e triste
Branca visão doutros Céus!»
O SR. AIRES DE GOUVEIA: — O que diz ele?
Vozes: — Ele cisma! Ele cisma!
A oposição atira cebolas ao Sr. Pinheiro Chagas. Alguns senhores deputados grunhem obscenidades, que o ruído impediu que chegassem à mesa dos taquígrafos.
O ORADOR: — A Câmara não quer escutar-me? Pois bem, eu passo a outros argumentos... (Distribui bengaladas).
Tumulto. O sr. presidente atira a campainha à cara da maioria, e o tinteiro aos queixos da oposição. Alguns senhores deputados miam de gato. O Sr. Santos e Silva, no auge da sua indignação, dá cambalhotas. O Sr. Luís de Campos espalha uma prodigiosa quantidade de pontapés.
O SR. PRESIDENTE: — Para amanhã continua esta interessante discussão.
A Câmara sai correndo, gritando, rebolando pelas escadas abaixo.
Os contínuos levantam as garrafas de Colares.
14 de dezembro de 2004
Este cavalheiro está tão obcecado com Pedro Santana Lopes que nem se dá conta que chega a condená-lo por situações hipotéticas.
Só agora tomei conhecimento das declarações de Domingos Abrantes ao Expresso. Mesmo sabendo-se que o PC está parado no tempo há décadas, não deixa de ser extraordinário que alguém ainda pense que na ex-URSS é que era bom. Tão bom que, segundo Abrantes, o seu fim «foi uma enorme tragédia». Impressionante, não há dúvida.
10 de dezembro de 2004
Após quase duas semanas de especulação, eis que chegou o dia em que o Presidente Sampaio explicou aos portugueses por que razão vai dissolver o Parlamento. E que argumentos usou o Presidente Sampaio para explicar a decisão que tomou? Em primeiro lugar, devido a uma «sucessão de episódios que ensombraram decisivamente a credibilidade do Governo e a capacidade de enfrentar a crise que o país vive», de que se absteve de concretizar por considerar que são do conhecimento de todos. Depois, porque o Governo tem uma «grave crise de credibilidade», esquecendo-se de especificar junto de quem e por que razões. Como seria de prever, o Presidente não fundamentou a decisão que tomou com um único dado concreto. Limitou-se a falar em abstracto de um conjunto de episódios, furtando-se à explicação dos factos que criaram tais episódios com o extraordinário argumento de que toda a gente os conhece. Pior: admitiu, e aqui com abundância de pormenores, que o Governo tem poderes políticos limitados, e que se encontra numa posição pior do que dantes. Assim sendo, há uma primeira conclusão a tirar das palavras do Presidente Sampaio: passamos de uma situação supostamente má para uma situação claramente pior.
9 de dezembro de 2004
Um sinal de «imaturidade» e um exemplo que só pode ser encontrado «numa lógica de caudilho» são os argumentos de Morais Sarmento para caracterizar a decisão do Presidente da República. Em entrevista ao Diário Económico, o ministro de Estado e da Presidência disse, ainda, não compreender a razão do Presidente da República para dissolver o Parlamento, pois é no Governo que reside o problema e não no Parlamento. Ora, se a «lógica de caudilho» é um manifesto exagero, já as razões do PR para dissolver o Parlamento não se entendem. Mas aguardemos até amanhã, pois pode ser que haja outra bomba atómica.
O e-mail (canto superior direito) já está a funcionar como deve ser. Podem, pois, continuar a mandar elogios, meter cunhas ou fazer propostas desonestas. Pedidos de dinheiro é que são pura perda de tempo.
8 de dezembro de 2004
Não aprecio as posições políticas de Mário Soares nos últimos anos. Mas foi com um enorme gozo que li a entrevista do ex-PR ao DN. Diria mais: a entrevista de Mário Soares a Anabela Mota Ribeiro foi a que mais gozo me deu ler nos últimos tempos, só comparável à de Adelino Gomes a Lobo Antunes.
O dr. Fernando Rosas diz que «o chefe de um governo com maioria parlamentar» (Pedro Santana Lopes) foi «despedido por declarada incompetência». No parágrafo seguinte diz o contrário: que o Governo permanece em funções «com capacidade executiva bastante para além da simples gestão». Um caso de dioptrias?
«(...) se, por hipótese, no juízo de Jorge Sampaio, estava em questão a competência do primeiro-ministro e do Governo, ou a sua confiança neles, não se percebe muito bem que tenha escolhido a solução que vai deixá-los precisamente na plenitude das suas funções.» Vasco Graça Moura, no DN de hoje, limitou-se a lembrar o óbvio — o óbvio que, estranhamente, poucos estão interessado em admitir e, muito menos, questionar.
7 de dezembro de 2004
Em vez de ser ele próprio a explicar ao País o que se passa, o Presidente da República insiste em mandar recados. Agora mandou dizer que, ao invés do Parlamento (que vai dissolver), o Governo está «nos seus plenos poderes constitucionais», pois não foi, nem vai ser, demitido. Ou seja, o Governo serve perfeitamente, o Parlamento é que não. Uma vez aqui chegados, presume-se que o Governo de Santana Lopes passou, agora, a ter a legitimidade que lhe faltava há quatro meses, pois ainda não vi quem pusesse em causa a legitimidade do Governo em funções desde que o PR anunciou que vai dissolver o Parlamento.
6 de dezembro de 2004
Meus amigos: as críticas literárias publicadas neste blogue são um verdadeiro serviço público. Por uma razão muito simples: em vez dos lugares comuns e da costumeira tralha sem sentido, as críticas assentam em factos, muitos factos.
3 de dezembro de 2004
O facto de o presidente da Assembleia da República não ter sido informado pelo Chefe de Estado da dissolução do Parlamento tornou-se irrelevante. Segundo Mota Amaral, tratou-se de um «esquecimento» puro e simples e não se fala mais nisso. Puro esquecimento? Por amor de deus. Que diria disto a malta do costume caso o «esquecimento» tivesse sido do primeiro-ministro?
Primeiro, o Tribunal da Boa Hora não servia. Agora, é o Tribunal de Monsanto que não tem instalações adequadas e reclama-se Santa Clara. Quando chegarem a Santa Clara outro santo qualquer há-de adiar tudo outra vez. Os arguidos no processo Casa Pia têm o direito a uma defesa condigna? Com certeza. Mas... e as vítimas? O que já foi feito para acautelar os direitos das vítimas?
1 de dezembro de 2004
As razões invocadas pelo Presidente da República para dissolver o Parlamento (ou a ausência delas, como queiram) não me convencem. Por mais que tente, a decisão de Jorge Sampaio soa-me a um emendar de mão precipitado. Mas não quero com isto dizer que lamento a queda do Governo de Santana Lopes, por quem nunca morri de amores. O que eu lamento é que ninguém esteja interessado em saber os reais motivos do Presidente, pois eu suspeito que eles assentam em muita parra e pouca uva. Até ver, o Presidente da República limitou-se a tomar uma decisão politicamente correcta, e só isso. Como tal, ninguém está interessado em fazer ondas. É pena.
Manuel Monteiro anunciou que o partido que dirige — o PND — vai reunir de «emergência» no próximo fim-de-semana para analisar a actual situação política. Segundo ele, Portugal prepara-se para viver «um dos momentos mais difíceis da democracia», pois não tem dúvida de que a próxima legislatura será dramática para o sistema político. Aguarde-mos, pois, o que vai sair desta reunião de emergência. Quem sabe se dela sairá a receita para salvar a Pátria e a democracia.
Subscrever:
Mensagens (Atom)